quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Filme retrata polêmico caso de eutanásia --Movie depicts the controversial case of euthanasia







Eluana Englaro é a jovem que permaneceu 17 anos em estado de coma após um acidente. Quando seu estado foi dado como irreversível, seu pai entrou com processo junto à justiça italiana para desligar os aparelhos que a nutriam. A luta judicial abriu polêmica imensa na Itália católica, entre os que defendiam que se preservasse a vida a qualquer custo e os favoráveis à morte digna neste tipo de caso. Marco Bellocchio resolve mexer no vespeiro em seu brilhante "La Bella Adormentatta" (A Bela Adormecida), filme que foi consagrado pelos aplausos em Veneza.
Só que Bellocchio não faz um simplista retrato em 3x4 do caso Englaro. A história verídica de Eluana fica na contraluz, formando um quadro de referência para que várias tramas paralelas possam se desenvolver. Numa delas, um senador (Toni Servillo) está votando uma lei, pela qual seu partido fechou questão, mas da qual não se sente convencido. Sua filha (Alba Rohrwacher) é uma militante pró-vida enquanto o caso Englaro está se desenrolando. Numa manifestação em frente à clínica, ela conhece um rapaz (Michele Riondino) que pensa diametralmente o contrário. Uma famosa atriz (Isabelle Huppert) trata sua filha em coma como uma boneca, a veste, penteia e enfeita. Uma garota bonita (Maya Sansa) é autodestrutiva e tenta dar fim à vida, mas é salva pela dedicação de um médico jovem.
As tramas cruzadas estão aí não para cozinhar o prato feito do multiplot, que andou na moda. É uma estrutura flexível, que visa dar voz a vários lados da questão. Não porque Bellocchio queira ser jornalista e "ouvir o outro lado". Ou os outros lados. Não. A ideia é dar tratamento polifônico a uma questão que tem a ver com a vida e com a morte. Nada menos. Claro que o diretor tem a sua posição pessoal: "Não me converti", diz Bellocchio, brincando. "A minha é sempre uma posição laica. Posso até me colocar no lugar de quem tem fé. Não quero condenar. Ou achar que sou dono da verdade."
Desse modo, Bellocchio faz um filme que não pode ser usado como bandeira por um lado ou por outro. É uma obra multifacetada, que expõe os vários lados da questão ao espectador e deixa de colocar ele mesmo firme convicção a respeito. É o que se poderia chamar de obra dialética, no sentido antigo. De diálogo, pontos de vista diferentes que se afrontam no mesmo espaço de discussão. Isso sob uma forma dramática e não discursiva. Não se ouvem teses durante o filme. Ele apenas acompanha um punhado de dramas humanos.
"Não queria usar o filme como bandeira, embora eu tenha minhas ideias sobre tudo isso. Não se trata de defender uma posição, mesmo que você a considere justa", diz Bellocchio. "Por isso recuso aquele tipo de pergunta jornalística sobre eu ser a favor ou contra a eutanásia. Não se trata disso."
E de que se trata, então? De, através de histórias pessoais, tomar o pulso de um país, a Itália de Berlusconi, na qual o drama de Eluana Englaro se passa. Bellocchio, adepto de um cinema trepidante, até operístico às vezes (lembre de "Vincere", por exemplo), usa farto material de arquivo intercalado às cenas de ficção. Por vezes, vê-se Berlusconi, palpitando sobre o caso. Outros políticos também.
A própria mensagem do Papa João Paulo II, doente, pedindo que o deixassem voltar para a "Casa do Pai" - tudo é alusivo. Inclusive o título. "Há muita gente adormecida entre os personagens e não apenas os que estão com coma. Já me disseram que a Bela Adormecida era a própria Itália. Uma interpretação possível", diz, com ironia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


ENGLISH;


Eluana Englaro is a young man who stayed 17 years in a coma after an accident. When her condition was given as irreversible, his father filed a lawsuit with the Italian judiciary to turn off appliances that nurtured. The fight opened judicial immense controversy in Catholic Italy, between those who advocated that preserve life at all costs and the favorable dignified death in this type of case. Marco Bellocchio solves stir hornet's nest in his brilliant "La Bella Adormentatta" (Sleeping Beauty), a film that was enshrined by the applause in Venice.
Only Bellocchio does not make a simplistic portrait 3x4 Englaro case. The true story of Eluana backlight is on, forming a frame of reference so that multiple parallel storylines may develop. In one, a senator (Toni Servillo) is voting a law by which his party ended question, but which does not feel convinced. His daughter (Alba Rohrwacher) is a militant pro-life while the case is unfolding Englaro. At a demonstration in front of the clinic, she meets a boy (Michele Riondino) who thinks diametrically the opposite. A famous actress (Isabelle Huppert) treats his daughter in a coma as a doll, dress, comb and decorate. A pretty girl (Maya Sansa) is self-destructive and tries to end her life, but is saved by the dedication of a young doctor.
The cross plots are not there to cook the dish made of multiplot, who walked in fashion. It is a flexible framework, which aims to give voice to multiple sides of the issue. Not because Bellocchio want to be a journalist and "hear the other side." Or the other sides. No. The idea is to give polyphonic treatment to a question that has to do with life and death. Nothing less. Of course the director has his personal position: "There I was converted," says Bellocchio, joking. "My position is always secular. Till I put myself in the place of those who have faith. Condemn not want. Or think I'm the owner of the truth."
Thus, Bellocchio is a film that can not be used as a banner on one side or the other. It is a multifaceted work that exposes the many sides of the issue and leaves the viewer to put himself firmly convinced about. It's what you might call a dialectical work, in the old sense. Dialogue, different views that confront the same space for discussion. This dramatic and in a form not discursive. Do not listen to arguments during the movie. It only comes with a handful of human dramas.
"I did not want to use the film as a flag, although I have my ideas about all this. This is not to defend a position, even if you consider fair," says Bellocchio. "So refuse that kind of journalistic inquiry about my being for or against euthanasia.'s Not the point."
And that it is, then? De, through personal stories, take the pulse of a country, Italy Berlusconi, in which the drama of Eluana Englaro goes. Bellocchio, a cinema fan of jerky, even operatic at times (remember "Vincere", for example), uses archival footage interspersed fed to the scenes of fiction. Sometimes one sees Berlusconi, pounding on the case. Other politicians also.
The very message of Pope John Paul II, ill, asking them to let him go back to the "Father's House" - everything is allusive. Even the title. "A lot of people sleeping between the characters and not just those with coma.'ve Been told that Sleeping Beauty was Italy itself. A possible interpretation," he says wryly. The information is the newspaper O Estado de S. Paul

Nenhum comentário:

Postar um comentário